Não há de ser assim, bom.
Vida é lamúria eterna de quem nasceu
Há de ser, sim, triste, opaca e soturna
Como as noites de um inverno russo
Ou as trevas de um sorriso feminino
Há de ser difícil, bruto e cruel
Há de nem ser, quem sabe?
Não há soluções ou equações matemáticas
Raízes ou ilusões demasiadamente sonhadas
Há um porto, e um barco, e um remo
Há sorrisos de deboches dentro de certezas
E caminhos impercorríveis – embora certos
Há o afago que condena
E o amor que sempre destroi
Não há na vida de ser bom
De acariciar, e ser honesto
“Sede honesto...” – que nada!
Os bons descansam mais cedo
E os leitos cada vez mais arenosos
Já disse: Desisto de viver.
Aliás, teria de ter desistido ao nascer.
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