O poema de duas palavras

por Luciano Machado*

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Poesia

Fuga de mim

Fuja de mim    

                                                        

                                                          Felipe D´Castro

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“Poesia, fuga, e mim"; eis o tamanho de um poema. Pequeno ou Grande? Eis a questão.

 Em se tratando de língua quantidade de fonemas não é documento, por tanto, para a poesia a quantidade de palavras não corresponde a obstáculo para o “tamanho” do poema. Digo tamanho para designar pluralidades semânticas. Ao definir poesia, se é que o poeta o fez, abre espaço para os múltiplos sentidos. Aqui a função referencial do poema é o próprio objeto poético, a poesia, mas chama a atenção para o poeta encarnado no "eu lírico" elipsionado - a própria alma do poeta. Deste modo, "poesia:" pode ser substituído por outras qualidade do poeta como, ódio, tristeza, solidão, entre outras. As palavras Fuga e Fuja se tornam una, indivisíveis, ou seja, “em movimento”. O substantivo fuga corre diante dos nossos olhos. Então para a (poesia), algum sentimento do poeta, a fuga contem ação. Fuga está para o poeta e seu sentimento, enquanto fuja está para a poesia do poeta, sua exterioridade, o poemas que lemos. Por fim o "mim", a parte mais insignificante do poema de três palavras, “poesia, fuga, mim”. Mim é periférico ao olhar, ao sentimento expresso no poema. Portanto resta ao poema, na verdade, duas palavras, “poesia e fuga”, porque a fuga contêm a fuga (sentimento do poeta) que contêm a fuga da poesia. O mim é a parte que nos cabe enquanto leitor, alheio ao que realmente o poeta sentiu combinar tais palavras. A chave do pequeno poema é ser grande, amplo, múltiplo, a depender da nossa visão.

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* Luciano Machado atualmente é estudante do quinto período de Letras da Universidade Federal da Paraíba.