"Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta..."
- Augusto dos Anjos, Solitário -
Como um cadáver que não se alumia
Na aspereza que a terra comporta,
Com o peito torpe pude eu um dia
Ver, soturno, tua Natureza morta
Eras frio, e nenhum frio havia
Além deste que tua alma exorta...
E todo o teu frio, todo ele cabia
Na cosmogênese de uma porca.
E como numa osmose da Desgraça,
Por fluxos malditos teu fim perpassa
A órbita confusa do meu corpo.
Dias após o findar dos teus dias
A sombra vã duma pneumonia
Fez-me ver o meu próprio corpo morto.
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