Parnaso em Fúria 01

A lírica de Felipe D´Castro...

O professor - Capítulo I


[{ai!}]
... foi tão forte que até eu mesmo senti um pouco de pena. Terminado todo o serviço, pus meus óculos vermelhos, lindos, e sai calmamente, como se nenhuma vida houvesse escorregado entre os meus dedos. As luvas, trouxe comigo, a gente tem que ser hábil com essa história de luva. Não pode ser qualquer uma. Por exemplo, com os óculos vermelhos tem que se usar uma luva que combine: vermelha, de couro. Meu mimo!
A cabeça ficou dependurada com aquele pescoço fininho a amostra. A alvura já se irrigava com o sangue descendo pelos vasos, e chegando na cabeça. As lágrimas escorregavam ao contrário, dos olhos para os cabelos. Era uma criança bonita. O corpo, fiz questão de deixar vestido, óbvio. Mato, mas com dignidade. As duas cadeiras nas quais estava apoiado o corpo do jovem eram tão rústicas, tão feias; um contraste perfeito. Mas eu colei tão bem um ao outro que parecia até uma dicotomia. Foi engraçado.
Peguei meu Peugeot, e a borracha dos pneus massageava o asfalto com a leveza do beija-flor buscando sua sobrevivência no colo imaculado das flores. No caminho a gente fica lembrando os gritinhos finos, e sincroniza aquela sinfonia com um Mozart, bem alto, e os vidros fechados, afogando-se em êxtase. Dentre os semáforos, o vermelho é o meu preferido. [{Tan ran ran ran ran ran ran Arghhhhg tan ran ran ran...}]. Saindo da Epitácio dirijo-me à praia, é sempre bom relaxar depois de uma diversão tão grande.
A lua cheia instiga ainda mais meus sentidos, aguça minha ânsia, destila dentro de mim aquilo que somente aos mortos é visível. Sento na areia somente para escutar as ondas e olhar aquela bola no céu. Você já viu como a lua é linda quando estamos extasiados? Na orla, alguns carros com os porta-malas abertos e o som muito alto, com uma música altamente imbecil, queriam estragar minha noite – se eu pudesse matava todos, mas sou um assassino digno. É aí que entra na história Pâmela.
- Posso sentar?
- Claro, a praia ainda é de todos, não acha?
- Talvez.
- Por quê? – perguntei, com os olhos de um inocente.
- Nada é de todos nunca, não acha? Qual é seu nome?
- Concordo, por exemplo, agora mesmo você não pode saber meu nome, talvez isso não possa ser seu!
Ela sorriu pra mim. Era uma garota bonita. Estava com um ar de álcool e uma roupa de prostituta, mas era linda. Carregava nos olhos a consciência da angústia, e eu admirava tanto isso!
- Não vai me dizer o seu nome?
- Claro que não. Pra que você quereria?
- Você é muito misterioso.
- Senta aí e tenta me descobrir.
- Claro que não. – sentou.
- E por que sentou?
- Quero ver até onde você vai se esconder.
- De repente, até o momento em que você quiser se mostrar pra mim.
[{Hahahahahaha}]
...
- Você estuda? – perguntei
- Estudo... pela manhã.
Foi perfeito. Dei um sorriso, passei o meu braço esquerdo por cima dos ombros da garota e começamos a olhar a lua. Que menina estranha, ela mal me conhecia... e eu estava, ainda por cima, com meus óculos vermelhos! Destemida! O pior mesmo foi que eu gostei dela. Naquele dia fomos para o meu apartamento, à beira da praia, herança da minha gloriosa mãe. Transamos a noite toda. Ensinei-a, como bom professor que sou, alguns truques do sexo. Ela não sabia como mexer a boca. Agora, iria morrer sabendo.

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