Sinapses Atordoadas

Sentir, porque pensar é sentir saudades de tudo o quanto não existiu.

O que pensar das elaborações astronômicas dos nossos humildes neurônios? Todas as sinapses atordoadas à toa, e todos os sonhos de machê que se desmancham sempre ao fim de cada dia? Essa coisa de querer outono quando ainda há inverno, entorpece a lógica do mundo, destila o desprazer dos contentamentos. Pai, dai-me isso, dai-me aquilo, de tudo dai-me, mas de tudo esquecei vós de dar-te o pedido... esquecei, pois, o rosto solícito a lacrimejar súplicas sem graça. Porque tudo é sem graça quando não é teu. Porque tudo, mesmo sendo tudo, é o nada alheio que vês. Eu queria tanta coisa, mas a floresta é negra e os leões se escondem. Resta sentir, porque pensar... é sentir saudades do que não existe.