Parnaso em Fúria 01

A lírica de Felipe D´Castro...

Para onde não é Pasárgada

Hei de partir
Vamos, Dante, leve minhas malas,
Estão pesadas e não disponho de forças.
Hei de partir, mamãe, sabes?
E estes olhos calados? De qual fonte nascera?
Vamos Dante, apressa-te, não há tanto tempo.
Mamãe, hei de partir! Mamãe?
A noite, que bela dama...
Quem roubou teus sorrisos, oh, noite?
Dante? Me abandonaste?
Dante? Mamãe? Mamãe?
Onde estão? 
Há apenas a noite eterna
Lembrando-me que por lá,
Donde virão minhas dores,
A solidão é como o céu...

Os lençóis de Hades me procuram,
É tempo de agasalhar-se, mamãe...
Sempre me dissestes: "Cuidado com o frio!"

Os laços da consciências afrouxam-se
Meus olhos vagueiam o espaço
Dante, minhas malas.
Mamãe, sede forte,
Te farei céu no reverso do concreto
E ai, mamãe, não quero mais
Pelo eterno que terei
Ver os olhos tristes da noite alva.

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